“Nenhum governo do mundo combate o fascismo até a morte. Quando a burguesia vê que o poder lhe escapa das mãos, recorre ao fascismo para manter-se”.
– Buenaventura Durruti.
Faltando poucos dias para o evento mais vergonhoso que este país já realizou, evento este que é a prioridade de governos e empresários, uma onda de prisões aos companheiros em várias partes do país, que se levantam contra as injustiças sociais, que ocupam as ruas, e que lutam por um presente e futuro melhor que este. Goiânia, o caso mais recente, já são quatro os camaradas presos. Outro companheiro preferiu não se deixar cair nas garras do corpo repressivo do Estado, e ainda não foi encontrado.
Esta postura do Estado é recorrente. O combate ao progressismo, o medo fundido diabolicamente com um poder semi-infinito, une as forças midiáticas e repressivas em uma cruzada de manipulação e contenção em massa.
Em maio deste ano, na cidade de Palmeirais-PI, a população, ao passar três dias sem energia elétrica, queimaram a sede da empresa de distribuição de energia elétrica na região, o que gerou nos meios de comunicação local uma caça aos que realizaram o ato. Em Teresina, durante a vinda da taça da copa, dois companheiros foram detidos, e duas companheiras foram encaminhadas para a delegacia, por colocarem em risco o interesse da burguesia local, do governo do município e do Estado. A mídia, sempre do lado das oligarquias, dos poderosos, dos opressores, criminalizou ferozmente o ato, e para além deste incidente, na recente greve dos motoristas em Teresina, Silas Freire, no pico de sua mediocridade enquanto apresentador, já destacada em outras ocasiões, bradou “greve sim, anarquia não!”, ao notar o teor de radicalização que os trabalhadores estavam tomando. Em Parnaíba, quando @s alun@s do Liceu Parnaibano fecharam uma das principais avenidas da cidade em prol de melhorias estruturais do ensino e da educação em geral, não tardou um grupo de militares tentar coibir, desestimular e destruir a ação popular, o que foi em vão, uma vez que @s estudantxs, unidos, rechaçaram a atuação policial e continuaram a fechar a avenida. O ato se repetiu na visita da presidenta do Brasil, mas que não repercutiu na mídia local, governista em essência, ou oportunista por natureza. O mesmo posicionamento, tanto da mídia quanto do corpo repressivo do Estado pode ser esperado amanhã, 28M, Dia Nacional de Mobilização das Universidades Públicas Estaduais e Municipais, onde alun@s, professores e servidores da UESPI farão um ato em Teresina, da Avenida Frei Serafim até o Palácio de Karnak, em prol de uma série de necessidades básicas da UESPI, como o melhoramento da estrutura física dos campi, biblioteca de qualidade e contratação de professores.
Para além das particularidades do país, cumpre observar a conjuntura política do mundo, não desligada de nossa realidade. Um caso em especial é a Europa. O nazifascismo cresce não somente em grupos paramilitares, mas agora também no parlamento. Grupos xenófobos, racistas, e ultranacionalistas crescem em um nível assustador. Um fenômeno que em muito conflui com a ascensão dos regimes de extrema-direita do passado europeu. A fragilidade econômica, a descrença, o desespero e a angústia popular, faz com que o povo se agarre em discursos paternalistas e radicais, que preveem a expulsão de imigrantes, o fortalecimento do corpo repressivo, e na construção de uma identidade comum, a bandeira do nacionalismo tremula nos países onde a crise econômica mais castigou a população. Com estas características, Adolf Hitler, Benito Mussolini, Francisco Franco e outros dominaram, exploraram e massacraram o povo.
Diante dos levantes populares em todo o mundo, a burguesia organizada no Estado lança mão de sua última arma: Governos autoritários, quebra de direitos civis, e combate incessante contra as seções organizadas da população, em especial os que dedicam a militância ao anticapitalismo e o antiautoritarismo, Em Parnaíba, Teresina, Palmeirais, Goiânia, Rio, São Paulo, Gênova, Atenas, ou Soma, na Turquia.
E o que fazer?
Coragem – solidariedade – organização – combate.
A tentativa do Estado está baseada em propagar o medo. Dar exemplos de repressão para que todos temam o poder do Estado, assim como indicou Maquiavel em O Príncipe. Mas não devemos dar um passo atrás. Muito pelo contrário, que o suor e o sangue dos companheiros tombados em combate ou cerceados de sua liberdade sejam o combustível de uma nova rodada de levantes populares. Na medida em que a repressão aumenta, a resistência deve crescer proporcionalmente. Um dos sustentáculos do Estado é o autoritarismo, o medo preconizado em suas armas, e em seus meios jurídicos de frear as lutas populares, mas estas não devem ser temidas. Nas fileiras anarquistas, o sangue de nossas ideias jorrou com Ravachol, August Spies, San Fielden, Oscar Neeb, Adolf Fischer, Michel Schwab, Louis Ling, George Engel, os milicianos da Makhnovichina e todos os mortos pela revolução bolchevique de 1917, Nicola Sacco, Bartolomeo Vanzetti, Antonio Martinez, Francèsc Ferrer y Guardia, Buenaventura Durruti e @s companheir@s abatid@s nos campos de batalha da Espanha, Carlo Giuliani, e tantos outros que ficaram ocultos na história das resistências populares e do anarquismo. Estes não temeram, não duvidaram da validade e importância da luta por um mundo pautado em igualdade política, econômica, social e liberdade. Devemos, portanto e primeiramente, certificarmo-nos em mantermos ao lado dos oprimidos, e lutar sem temer.
Aos que caíram nas garras do Estado, ou que morreram, a nossa solidariedade. Aliás, esta muitas vezes é nossa única defesa frente o ataque dos burgueses e do Estado. Só contamos com nós mesmos para nos amparar em momentos de dificuldade. A história nos mostra momentos de solidariedade, como no desenvolvimento da Cruz Negra Anarquista, para defender e amparar companheir@s pres@s. Cobrir de solidariedade os que lutam, quer seja com um texto como este, ou uma coleta de assinaturas, como está acontecendo atualmente nas redes sociais, ou na criação de fundos de ajuda para pagar fianças, como também está ocorrendo para alguns companheiros presos em Goiás.
Com a repressão, o medo também é uma arma contra a organização, cuja qual não pode se deixar abater, principalmente nestes momentos difíceis. Contrariamente, deve-se fortalecer mais e mais as bases das organizações, para garantir não somente a continuidade das lutas, mas também dar apoio aos camaradas que precisam de nossa ajuda. Buscar apoio de todos os grupos que fazem o recorte de classe pautado lado a lado com os interesses dos que sofrem com os males do capitalismo e o autoritarismo do Estado é outra necessidade pontual. Uma legítima e ampla frente para garantir a reorganização das forças populares após os ataques dos governantes e empresários, como se percebe em Goiás.
A continuidade das lutas e a superação do medo da repressão fará com que o aparato estatal estenda sua natural violação aos seres humanos. Os ataques serão mais constantes, e o acirramento da luta de classes ficará claro até para quem nunca se debruçou sobre obras do socialismo ou mesmo nunca se permitiu refletir de forma pragmática as suas próprias debilidades. É neste momento, que a necessidade de uma organização coerente, e um combate nivelado com a força do Estado e da burguesia poderá descambar em uma guerra civil, quiçá em uma Revolução Social. É neste momento onde nós deveremos estar preparados de todas as formas possíveis para resistir, repelir manobras de grupos autoritários, e talhar com nossas próprias mãos um novo porvir. As novas tecnologias cumprem um papel importantíssimo nesta luta, pois diferentemente dos companheiros que lutaram no passado, temos meios de comunicação e de exposição dos fatos bem mais veloz que as cartas trocadas na época. Embora úteis, têm poder limitado. Se o dever de todo revolucionário é fazer a Revolução, estejamos preparados para qualquer situação vindoura.
Segue abaixo dois comunicados; o primeiro, do companheiro Tiago Madureira, ainda não encontrado:
Companheirada
Quero trazer alguns esclarecimentos sobre o que está acontecendo. Na sexta feira, 23, a polícia efetuou a chamada “Operação 2,80”, que visava prender pessoas que participaram de manifestações pelo transporte e contra o aumento da passagem em Goiânia. Quatro mandatos de prisão preventiva foram emitidos. Três jovens, Heitor Vilela, Ian Caetano e João Marcos foram presos. Eu, o quarto indiciado, ainda não fui encontrado, e pretendo continuar assim.
As acusações são de que lideraríamos uma organização criminosa que estaria promovendo atos de vandalismo contra o patrimônio de empresas de ônibus, inclusive o inquérito aponta que somos responsáveis pela depredação de 104 veículos. Também nos acusa de por em risco a vida de outrem e de incitar a violência pelas ruas da cidade. São acusações graves, levianas, motivadas exclusivamente por um critério político que tem como objetivo marginalizar as movimentações populares, através da criminalização de alguns indivíduos falsamente apontados como líderes, para garantir a tranqüilidade para a realização da Copa do Mundo de Futebol e, principalmente, para tentar desmantelar todo o ímpeto resoluto e independente que estas mobilizações têm demonstrado. Vou brevemente argumentar sobre as acusações:
Quando acusam pessoas que se organizam em um movimento social público, cujas reuniões são abertas e que não faz nenhuma espécie de recorte ideológico-filosófico de ser uma quadrilha, estão atacando, na verdade, o direito à organização popular. É exatamente isto que querem impedir: que as pessoas, especialmente a juventude e os setores mais precarizados da sociedade, juntem-se, cheguem a acordos e se organizem para levar adiante, com as próprias mãos, a luta pela implantação de projetos e políticas que sejam do interesse de suas comunidades. A criminalização da Frente de Lutas pelo Transporte é a proibição explícita da criação e consolidação de espaços para a movimentação social.
Esforçam-se para imputar a nós o rótulo de líderes, mas, mesmo que nos condenem ao cadafalso, não conseguirão com isso parar a insatisfação popular, pois esta insatisfação não é algo artificial criado por líderes ou uma organização qualquer. Ela é fruto da humilhação cotidiana que é ser espremido em ônibus superlotados, pelo preço abusivo da passagem, pelas horas de espera intermináveis em terminais e pontos, pelos carros velhos e sucateados. Não somos líderes desta indignação que tomou conta d@s morador@s da periferia de Goiânia que dependem do sistema de transporte coletivo. Nenhuma pessoa em sã consciência, ou grupo político com o mínimo de honestidade, teria coragem de se dizer líder de manifestações que surgem sem previsão, que brotam, com cada vez mais freqüência, como resposta concreta a situações de momento: atrasou o ônibus as pessoas fecham o terminal.
A imprensa, em sua maioria, faz seu sensacionalismo idiotizante sobre depredação de patrimônio público e vandalismo, mas cabe aí algumas ponderações. Primeiro que estes ônibus não são patrimônio público. São patrimônio de grupos empresariais milionários. Não existe transporte público em Goiânia. O que existe é a necessidade pública de se locomover e a exploração desta necessidade por estas empresas, entrincheiradas na RMTC. Quando um ônibus é queimado ou quebrado o prejuízo é das empresas, e se por acaso os cofres públicos são sangrados por isso é porque algum esquema mafioso foi montado para garantir, a qualquer custo, o lucro empresarial. E se isto acontece exigimos que seja publicizado. Quanto ao vandalismo, não posso condenar um pai ou mãe de família, um garoto ou garota da periferia que, cansado do sofrimento e do flagelo, da desumanização cada vez mais profunda do transporte, da oneração do parco orçamento da família trabalhadora, num momento de desespero e revolta joga uma pedra em um ônibus. É a inversão completa da realidade. A conseqüência, que são os ônibus depredados, é apresentada como toda a questão, enquanto a causa primeira, que é o miserável serviço oferecido pela Máfia do Transporte (Consórcio RMTC e seus lacaios políticos) fica secundarizado. Mas esta secundarização é apenas midiática, pois apesar dos esforços de maquiagem na imprensa nossas vidas continuam as mesmas e o resultado são estes que seus jornais noticiam com tanto alarde, como se fosse obra de um pequeno grupo de malfeitores.
Acusam-nos de fazer apologia à violência por posts no facebook e panfletos. Meus caros, o que é isso? Polícia do pensamento? Censura? Eu pergunto, um filme que mostra a história de um serial killer vai influenciar as pessoas a sair matando? Então porque um cartaz com o desenho de um ônibus em chamas influenciaria alguém a queimar um veículo? Isto não passa de UMA INTERPRETAÇÃO POLÍTICA feita pelo magistrado que mandou nos prender. Na verdade o que os assusta nos cartazes é o chamado à mobilização, à organização e à luta. É seu conservantismo político que, a serviço dos interesses dos mais ricos, vê em nossos panfletos chamamentos para a violência. Argumentam que pomos em risco a vida de outrem, quando na verdade é sua polícia militar que se infiltra nas manifestações para implantar a desordem, prender, assediar, espancar, torturar e, mesmo, chegar às vias de fato contra trabalhador@s e jovens que estão nas ruas protestando. Esta polícia que bate nas ruas, espanca nos terminais, invade para torturar até mesmo num show de Rock em Repúdio à ditadura militar e que mata todos os dias na periferia é que põe em risco a vida de outros e propaga a violência. Atuações que lembram gangs, provocações, abusos de toda espécie estão no repertório desta corporação que atua a serviço dos interesses do empresariado, sob as ordens dos governos federal, estadual e municipal. A reação de manifestantes que, para não serem esmagados e agredidos, atiram paus contra uma tropa sanguinária não pode nunca ser comparada com a demência bárbara que estes agentes têm protagonizado em nossas manifestações.
Todo o inquérito e a decisão judicial, que estão divulgadas na internet, são baseados em suposições. Não foi apresentada nenhuma prova objetiva que ligue eu, Ian, Heitor e João Marcos a nenhuma das acusações. A prisão preventiva É UM ABUSO e uma DECISÃO POLÍTICA. Privar pessoas de seu cotidiano, sem julgamento, sem provas, por que participaram de passeatas é, sim, a realização de um estado de exceção que, com certeza, será ampliado para todo o país caso não o derrotemos agora.
Também é falsa a afirmação de que somos membros do “movimento estudantil popular revolucionário”. Nem eu, nem nenhum dos indicados participamos desta organização, inclusive temos opiniões distintas do movimento em questão. Mas, eu pessoalmente, penso que este boato é a tentativa de criminalizar, indiretamente, este grupo também e me solidarizo aos seus membros.
Agora peço à tod@s que não se amedrontem. Que nosso flagelo sirva de combustível e inspiração para a manutenção e a ampliação da luta e da organização popular em Goiânia. Eu pretendo manter meu direito de não ser localizado e, enquanto puder, não quero estar sob as garras e grades do estado burguês. Aproveito para deixar claro que, apesar da minha vontade, posso ser preso a qualquer momento e penso ser de profunda importância que meu caso seja mantido em visibilidade, para que não aconteça de eu ser capturado sem o conhecimento d@s companheir@s, o que me colocaria numa situação mais delicada do que a que já me encontro, pois poderia sofrer com torturas e, quiçá, algo pior. Divulguem amplamente o que está acontecendo comigo e com os camaradas. Não esqueçamos do companheiro MIKE, que está detido desde o dia 15 de Maio por participar de uma manifestação espontânea no terminal Padre Pelágio. Estou sabendo da manifestação de amanhã e meu peito se encheu de esperança. Saíam às ruas amig@s! Vamos mostrar que este levante que tem acontecido nos terminais faz parte de um processo bem germinado de consciência popular e de gana pela luta. Não parem as manifestações, nem a mobilização. Se a caça as bruxas começou em Goiânia é aqui mesmo que começaremos a apagar as fogueiras desta nova inquisição!
Abraços apertados nos meus amigos Heitor, Ian, João e Mike. Estaremos festejando nas ruas em breve meus companheiros.
Liberdade para tod@s nós, pres@s políticos!
Não a criminalização dos movimentos sociais!
Se não tem transporte, saúde, educação, moradia e direitos NÃO VAI TER COPA!
Viva o povo organizado e combativo!
Viva a Frente de Lutas GO!
TIAGO MADUREIRA ARAUJO – BRASIL 26/05/2014
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Agora, a carta dos companheiros Heitor, João e Ian, presos na “operação 2,80” em Goiânia:
Carta aberta aos camaradas,
“Enviamos-lhes esta carta para tranquiliza-los, primeiramente, de nossa situação, que embora não seja a de estar lado a lado com aqueles com quem lutamos, de estar com os amores que tanto prezamos, de estar com a família que tanto estimamos, é a melhor das possibilidades na situação em que estamos.
Por tantas vezes que estivemos juntos e em solidariedade. Sabemos que aqui se encontram apenas três do crescente enxame de moscas que se cansaram de ciscar no lixo em que se encontra a sociedade.
Tudo que se transforma evolui, devemos manter a constante ativamente em tentar mudar o que nos consome, o que nos destrói. Temos estado, em maior e menor grau, cientes dos recentes acontecimentos. O importante é que não atendamos ao evidente intento deste enjaulamento de patente motivação política.
Pegaram-nos de madrugada, mas sabemos que a noite é mais escura um pouco antes do amanhecer. Não nos deixemos abater, não nos dobremos, não abaixemos as cabeças. Sabemos quais são os interesses do estado e qual é sua razão de ser e com quem é seu conúbio. Os dias e anos passam e lembremos que estamos em maio, muitos já passaram e vários outros virão.
Agradecemos a todos pelos esforços prestados em nossa causa, pelo caloroso apoio por todos dado, sem os quais estaríamos por certo, em situação bem pior.
Aos amores, imensa saudade do calor que de jato bombeia em nossas veias, aos amigos e familiares a certeza de que não nos envergonhamos de enfrentar de frente com nossas posições, a repressão que assola todos que desestabilizam o Status Quo.
Uma efusiva saudação aos companheiros e às companheiras a quem esta chegar, nunca existiram melhores. Sugerimos que bebam e festejem, no melhor estilo comum parisiense, em nosso lugar.
Um grande abraço aos camaradas.
Ian, Heitor e João"
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(Colabore na Coleta de assinaturas para o MOVIMENTO CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DA LUTA POPULAR em Goiás, clicando aqui).
Este texto é dedicado aos companheiros Tiago, Mike, Ian, Heitor, João, e tod@s @s pres@s políticos no Brasil e no mundo, das mais variadas organizações de militância.
O povo vencerá!
#NÃOVAITERCOPA.
Grupo de Estudos Anarquistas do Piauí.
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