domingo, 17 de agosto de 2014

Solidariedade ao movimento estudantil combativo do Pará!



No Piauí, acompanhamos, na cidade de Parnaíba, Uruçuí, Campo Maior e Teresina, e em tantas outras, a auto organização dos estudantes, desde o ensino médio ao universitário, reivindicando geralmente coisas básicas, como uma melhor infra-estrutura ou mesmo livros didáticos que não foram repassados a estes. 

A falência múltipla da educação está ligada diretamente à precarização desta provocada pelo Estado; Reconhecemos que independentemente de qualquer que seja seu governante, esta debilidade do sistema de ensino é proposital e contínua: Que governo deseja um povo instruído? Um povo que reflete sua própria realidade e reconhece sua história? Fortalecer a educação é dar a arma que pode assassinar o próprio Estado, e o sistema econômico capitalista - os "projéteis" podem ser identificados como a organização e a rebelião -. Nas palavras de Fernand Pelloutier, pedagogo anarquista, "Seria pueril crer e esperar que o Estado, salvaguarda das altas classes,  consentisse, restituindo à coletividade a liberdade de seu ensino, em destruir, ele próprio, seu melhor instrumento de dominação".

De forma semelhante, em todas as partes do globo, as reivindicações aumentam cada vez mais, e cessam de se utilizarem das formas tradicionais de protesto. Abaixo-assinados, negociações ante a órgãos "públicos" já não surtem efeito; Os fechamentos de ruas e avenidas, greves estudantis e barricadas, são formas de resistência e combate à classe dominante.  No Brasil, observamos o caso do companheiro Adrian Santos, de Belém-PA, expulso de sua escola por desejar um ensino melhor, após sessões de terrorismo psicológico e moral contra este.

Companheiro Adrian, você não está só. Estamos, todos os debaixo, todos os filhos da classe trabalhadora, irmanados pela miséria imposta à nós, que nos força bancarmos a felicidade e a riqueza de empresários e políticos, em detrimento da nossa própria tristeza e pobreza. Não há forma de vencer esta queda de braço histórica senão pela transformação geral da sociedade, onde todos possam desfrutar e produzir riquezas, e onde o ensino seja igual para todos, auxiliando a potencializar e desenvolver cada indivíduo. Não somos favoráveis ao "quanto pior, melhor", e por isso, apoiamos e apoiaremos todas as reivindicações do povo, observando sempre nosso recorte político e seu desdobrar a longo prazo, isto é, a Revolução Social e Libertária. 

Pedimos ainda, para que outros grupos, coletivos, associações e indivíduos reproduzam o comunicado vindo do Pará, para cobrirmos de solidariedade e demonstrarmos o poder de nossa solidariedade.

Há a necessidade crescente de fortalecer a luta juntamente com Grêmios, Centros Acadêmicos, Diretórios Acadêmicos, CEB's, e outras instâncias de organização do estudante. A realidade dos debaixo só mudará pelas mãos dos debaixo.

Repassamos, a partir de agora, a nota de solidariedade ao estudante Adrian Santos. Segue abaixo:

SOLIDARIEDADE AO ESTUDANTE ADRIAN SANTOS!
CONTRA A INTIMIDAÇÃO NAS ESCOLAS!
CONTRA A REPRESSÃO NAS RUAS!

EXPULSÃO DE ESTUDANTE QUE LUTAVA POR MELHORIAS NA ESCOLA
Por volta das 16hrs de hoje, 14/08/2014, vári@s estudantes do 1º ano da Escola Estadual Magalhães Barata, no Telégrafo, decidiram fazer um protesto contra as péssimas condições da escola, cujo diretor Gerson Baia administra sem respeitar a necessidade de organização estudantil, não prestando contas e perseguindo professores contrários a suas atitudes.

Além de fazerem de tudo para impedir a criação do grêmio, UM DIREITO GARANTIDO POR LEI, vem perseguindo professores que demonstram a intenção de candidatar-se ao cargo que ele e sua equipe ocupam a anos.

Durante o protesto, um dos estudantes que vem lutando para a criação do grêmio e sofrendo todo tipo de retaliação por conta disto, mesmo sem ter nada a ver com o ato dos alunos do 1º ano, foi trancado na secretaria pelas pedagogas Elaine e Daniele, que o acusaram de estar mentindo ao dizer que não estava organizando o ato e o intimidaram de todas as formas, sem que isso provocasse o fim da manifestação.

A vice-diretora Selma Gomes, chegou a subir em uma cadeira no pátio da escola, aos berros ameaçando os estudantes, inclusive com palavras de baixo calão, afirmando que iria expulsar e suspender quem estivesse a frente do protesto. A reação dos estudantes foi linda: quando ela perguntou quem era o responsável TODOS LEVANTARAM AS MÃOS ASSUMINDO A "CULPA" PELO PROTESTO.

Em seguida rumaram para a Av. Senador Lemos, fechando a pista para denunciar a reforma feita pela metade, que deixou apenas algumas salas refrigeradas, além de várias áreas em obras que nunca são concluídas. Foi denunciado ainda que a direção, mesmo recebendo recursos, coloca estudantes para fazer MUTIRÃO DE LIMPEZA, colocando-os para CAPINAR e FAZER FAXINA.

A estrutura da escola é toda sucateada e o tratamento dado aos estudantes é o mais truculento possível. Afirmo isso categoricamente, pois eu mesmo já fui convidado pelos estudantes para realizar uma atividade cultural e fui atendido aos berros pelo diretor, que se recusou a permitir a programação quando percebeu que os alunos que me convidaram eram justamente os que desejam construir o grêmio do colégio.

Não satisfeitos com todas as tentativas de intimidação, os administradores da escola CHAMARAM A POLÍCIA PARA AMEAÇAR OS ESTUDANTES DE PRISÃO. Ainda ligaram para os seus familiares inventado acusações absurdas para impedir a pública denúncia das péssimas condições da instituição.

Como última medida no show de arbitrariedades, o estudante Adrian Santos foi EXPULSO sem qualquer justificativa, desconsiderando o fato de ter afirmado não ter ligação com o ato e tendo sido puxado pelo braço pela vice-diretora, desconsiderando o respeito e reconhecimento que os estudantes tem com o esforço que vem fazendo para mudar a situação da escola e criar o grêmio e ignorando o fato de o mesmo ser integrante de um coletivo de lutas de estudantes.

Convocamos movimentos estudantis, Sindicato dos Professores, SDDH e estudantes em geral para denunciar e solidarizarem-se não apenas com o Adrian, mas com a escola em si, pois o que está acontecendo no Magalhães Barata é prática comum nas escolas que se transformaram em cabides de empregos políticos, onde impera o autoritarismo, o abandono, o desrespeito aos direitos dos estudantes e o sumiço de recursos que deveriam dar boas condições de ensino/aprendizagem.

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